quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008

Posição do Movimento Humanista sobre os últimos acontecimentos no Quênia

Para os humanistas de todo o mundo, a continuação dos distúrbios sociais no Quênia é sumamente preocupante. Essa situação, que paira como ameaça desde a independência, chegou ao seu ponto mais crítico, e o povo queniano vive manipulado pelo falso jogo da luta entre tribos. De um lado estão os kikuius e, de outro, os luos. Os humanistas vêem o episódio como uma disputa entre dois homens pelo poder próprio. E acreditam que nenhum deles se deixará deter até que chegue ao topo, com acesso a negociações e controle sobre quem se apossará da maior porcentagem da ajuda financeira internacional. Esta situação é um legado repugnante da colonização, que envolveu algumas pessoas com favores em troca de dominação. Foram aprofundadas e intensificadas as divisões entre as tribos, e elas passaram a ser caracterizadas com palavras como: ladrão, egoísta, corrupto, promíscuo, etc. Os políticos sabiam bem que o “dividir para dominar” era um caminho fácil para a chegada ao poder. Portanto, hoje, o problema no Quênia não é a luta entre tribos, mas a vasta maioria da população a viver em condições miseráveis, enquanto uma minoria vive em ricos condomínios. Nós, humanistas de todo o mundo, queremos denunciar esse jogo político, direcionando os holofotes aos verdadeiros responsáveis pelo conflito.
Denunciamos os velhos poderes coloniais, que criaram o sistema atual, em que se podem manipular indivíduos e facilmente as verdadeiras questões de pobreza, saúde, educação e uma vida digna são colocadas de lado. Desse modo, o “Neo-Colonialismo” pode prosperar num contexto em que o povo do Quênia tem acesso a poder político, mas os bancos– poder econômico – são controlados por interesses estrangeiros. A África já pagou sua dívida várias vezes. Por que, então, continua pagando? O fato de que os velhos poderes coloniais e os EUA (atualmente os membros do rico ocidente e membros de organizações como a UE e G8) desviam o olhar e não fazem nada, enquanto o Quênia arde em chamas, demonstra sua cumplicidade com os presentes acontecimentos. Vemos uma estratégia ampla de genocídio, implícita nas ações do G8 e cada vez mais forte na China. É conveniente deixar que milhões de seres humanos morram de malária e AIDS quando estas doenças são perfeitamente curáveis e passíveis de prevenção. Também é de interesse dos poderosos fomentar guerras civis para controlar recursos minerais e petróleo, bem como vender armas. Tais mecanismos ainda se utilizam de mão de obra barata e forçada a trabalhar em condições indignas, sem direitos e proteção.
Denunciamos Mwai Kibaki e Raila Odinga, dois homens que poderiam levar mudança para o Quênia e, no entanto, deixam-se manipular, permitindo que seus seguidores saiam armados e a polícia utilize gás lacrimogênio ou balas reais, sem qualquer menção à não-violência para a resolução do conflito.
Fazemos homenagens aos africanos que tentam contribuir com a superação desta situação. Homenageamos a Julius Nyerere, o último presidente da Tanzânia que, do outro lado da fronteira com o Quênia, ajudou a construir uma nação que valorizou os seres humanos acima de suas tribos de origem. Agradecemos a John Kufour e Kofi Annan, dois ganeses com profundo interesse em encontrar uma solução não-violenta para o conflito e, também, a pessoas como Graca Machel, da África do Sul, e Benjamin Mkapa da Tanzânia. Fazemos uma homenagem a Nelson Mandela cujo governo demonstrou o caminho da verdade e da reconciliação, processo que esperamos, seja útil ao Quênia do futuro.
Convocamos todos os quenianos a formarem comitês da Não- Violência, locais e enraizados, seguindo o caminho ensinado por Mahatma Gandhi, Martin Luther King e Silo.
Convocamos todos os humanistas africanos a se unirem pelo fim do neo-colonialismo e seu fraudulento e ilegal crédito com o terceiro mundo.
Convocamos os governos africanos a não permanecerem em silêncio, nem fazerem parte do neo-colonialismo. Esperamos que esses líderes mostrem sua solidariedade com o povo do Quênia, rejeitando os pedidos de exportação de armas para o país e impedindo que nele entre armamento. Que se exija o fim da interferência estrangeira nos assuntos da África, para que o continente encontre os próprios meios de resolução de seus conflitos e só sofra intervenção sob determinação da ONU.
Exigimos dos Governos Ocidentais e das multinacionais que ponham fim à exploração da África e deixem de responder a sua busca egoísta por recursos minerais e petróleo.
Exigimos do Conselho de Segurança da ONU, que faça um acompanhamento da situação no Quênia com urgência e volte ao caso a merecida atenção, com o preparativo dos meios necessários a uma rápida intervenção, sendo essa tão necessária ao alcance da paz.
Finalmente, exigimos que sejam permitidos e realizados todos os esforços de mediação e ambos os lados cumpram tal processo. Se a conseqüência dessas ações for a necessidade de novas eleições, os Humanistas do Quênia e a Internacional Humanista se colocam à disposição para ajudar no que a comunidade internacional considere de utilidade.
Pela Internacional Humanista subscrevem este documento:

Giorgio Schultze,
Porta Voz do Novo Humanismo para Europa

Tomas Hirsch,
Porta Voz do Novo Humanismo para América Latina

Chris Wells,
Porta Voz do Novo Humanismo para América do Norte

Sudhir Gandotra
Porta Voz do Novo Humanismo para Ásia e Pacífico

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2008

Tão longe quanto possamos SONHAR...

Tão longe quanto possamos SONHAR...
Tão perto quanto nossas ações possam REALIZAR!!!